Por Nátsan Matias
Quem é esse cidadão urbano do século XXI, especialmente o cidadão urbano brasileiro, porém global, exatamente por conta das pontes tecnológicas que fizeram diminuir distâncias antes não tão fáceis de serem diminuídas?
A princípio vamos enumerar as principais características que mais claramente se pode perceber pela leitura do sinais que mais evidentes.
Esse cidadão urbano é especialmente imediatista.
É, ainda, excessivamente interessado na possibilidade de prolongar a vida pelo maior tempo possível, haja vista que não possui certezas absolutas quanto à realidade espiritual do homem, temendo, assim, a morte. Como consequência, ele é, também, religiosamente eclético, fortalecido pelo pluralismo do pós-modernismo, no qual, as diversas fontes da religiosidade são expressões das variadas “verdades válidas”. Neste mesmo mote, pode muito bem rejeitar conceitos e questões que indiquem verdades absolutas, rejeitando quaisquer ideias da existência de Deus, como ele é descrito na Bíblia.
O cidadão urbano é um indivíduo assombrado pelo medo da violência, que se propaga como uma doença nas cidades.
Ele é hedonista, elegendo o prazer como seu direito irrevogável.
É consumista, mesmo além de suas possibilidades orçamentais: “Consumismo, individualismo, imediatismo, exibicionismo parecem ser as molas mestras de um enorme apassivamento social, banhado em satisfação a ser comprada.”(1) É dependente das novas tecnologias de informação e comunicação.
Por conta da explosão de dispositivos de captura de imagens, que podem compartilhar em tempo real os eventos do cotidiano, tornando-o testemunha ocular da realidade, paulatinamente, esse cidadão se torna mais desconfiado daquilo que lhe diz os meios de comunicação, em relação as informações jornalísticas; porém é, contraditoriamente, muito acessível aos ditames comportamentais da mídia de entretenimento.
Estas são algumas das características do cidadão urbano, no entanto, há outras que poderiam ser enumeradas, a partir de outro ponto de abordagem temática. (...) Os perfis em questão estão intimamente vinculados aos “inserts” das tecnologias da comunicação e informação no cotidiano desse cidadão urbano, especialmente do jovem cidadão, haja vista que “Tecnologia podia ser o nome dessa geração. E a razão é simples: tecnologia não é um capítulo na vida desse jovem, é a obra inteira”(2).
Em outras palavras, tais aspectos poderiam passar despercebidos há alguns séculos, mas hoje são especialmente marcantes, quanto à identificação deste cidadão urbano. Entre eles, estamos nós todos. Não resta dúvidas de que em menor ou em maior grau, algumas destas peculiaridades estão presentes na formação da minha e também da sua identidade como cidadão do século XXI.
(Trecho do livro Conec(ten)tados)
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1 - FONTES, Virgínia. Desmonte dos valores – A humanidade se dilui no shopping.
Revista Caros Amigos – Especial Males do Mundo, São Paulo: Casa Amarela, Ano
XVI, n. 57, p. 30, 2012.
2 - CALLIARI, MARCOS; CALLIARI MOTTA. Código Y - Decifrando a Geração que está
Mudando o País. 1ed. São Paulo: Editora Évora, 2012.

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