quinta-feira, 16 de abril de 2015

BRINQUEDOS HUMANIZADOS, HUMANOS ROBOTIZADOS

Por Nátsan Matias


Aguardada muito mais por aqueles pais que não tem tempo para cuidar e conversar com os filhos do que pelas crianças, a boneca Hello Barbie será a nova sensação do natal de 2015, quando ela chegará ao mercado brasileiro por algo em torno de R$ 300,00 (uma bagatela para muitos pais ausentes, que trocam carinho por presentes)
Por que ela é mais aguardada por este tipo de pais do que pelas crianças? Ora porque antigas palavras como:  papai, mamãe, quero comer, quero dormir, etc., serão substituídas por um infinito de possibilidades, com "diálogos" mais elaborados. A Hello Barbie  prometem ocupar o tempo das crianças, considerando que ela será equipada com um “computador, terá dispositivo wi-fi, microfone, alto-falante e bateria” (Folha Press)

A fabricante do brinquedo promete uma “interação” mais completa com a criança. Isso ocorrerá porque a boneca, haja vista sua conexão com a internet, poderá responder perguntas mais elaborada para as questões que as crianças levantarem e aprenderem sobre suas donas, através do levantamento de informações das redes sociais cadastradas no brinquedo.  Imaginem os variados riscos que as crianças estarão sujeitas tendo um “brinquedo” desse disposição da curiosidade delas? A Mattel, fabricante da Hello Barbie, afirma que os softwares das bonecas terão dispositivos para impedir que sejam dadas respostas prejudiciais. Você acredita que a turminha chegada em tecnologia não conseguirá burlar esses “firewalls”?  Eu também não acredito! Mas vá lá que a segurança seja mesmo impossível de ser burlada, há riscos que estão além do fato da criança ter acesso aos mais variados tipos de respostas para suas perguntas ou diálogos que empreenderem com a tal Barbie.  Não vou fazer aqui uma lista destes riscos, deixo um desafio para que você pense em alguns e enumere-os nos comentários deste post. No entanto eu quero destacar, de acordo com a minha opinião,  aquele que considero o maior dos problemas, que está para além das questões da interação  da criança com a boneca. Trata-se da troca de responsabilidades dos pais para com os filhos. É dos pais o privilégio e a prerrogativa de responder todas as perguntas de seus filhos. É dos pais o benefício de interagir, de brincar e de se relacionar com suas crianças. Debaixo de minha análise do perfil do cidadão deste século, não tenho dúvidas de que essa boneca vai fazer um sucesso absurdo, sabe por que? Porque cada vez menos os pais querem assumir o seu papel, estão ocupados demais interagindo com seus empregos, suas carreiras e com seus próprios “brinquedos” tecnológicos. Quando elas forem colocadas nas mãos das crianças, será muito mais comum entrar numa casa e não ver crianças correndo e interagindo com os pais, elas estarão em algum canto por horas a fio, conversando "sozinhas", deixando papai e mamãe assistir a novela, ver o jornal, conversar com os adultos sem interrupção. Elas não terão dificuldades com isso a princípio, sabe por que? Porque está cada vez mais comum para esses pequeninos se relacionarem com brinquedos humanizados e com humanos “tecnologizados",  que se parecem mais robôs do que gente e muito menos com pais de fato e de verdade.

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