segunda-feira, 15 de maio de 2017

A CULPA NÃO É DA BALEIA, SEJA ELA DE QUALQUER COR


“tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” Deuteronômio 6:7


Recente reportagem da Revista Veja, refletindo sobre a morte de uma adolescente de 16 anos, destacou uma análise do psiquiatra Dr. Daniel Barros. A matéria afirma que “Para ele, o Baleia Azul é apenas o pano de fundo para um cenário de aumento de casos de suicídio entre jovens que se repete há anos. ‘Há seis meses, o ‘jogo do momento’ era o da asfixia. Agora é o da Baleia Azul. Daqui a um tempo terá um novo. Não estou dizendo que o ‘jogo’ não existe, mas esquece o ‘jogo’. A questão aqui é: o que vamos fazer para evitar? Esse é o ponto”. Mais adiante, a reportagem também completa a análise do Dr. Barros quando enfatiza: “Todo adulto sabe que não está dando a devida atenção para o jovem. E isso demonstra a dificuldade que os pais têm de entrar no universo do filho”.
Apesar da opinião profissional do médico em questão, ainda que acertada e com um fundo de verdade objetiva, observemos o que nos ensina Moisés, no texto citado no início desta pastoral. Aquilo que o médico cita como “dificuldade” dos pais para entrar no universo dos filhos, está intimamente ligado com o desprezo ao que o Senhor ordena aos pais, através de Moisés. Certamente que, mesmo quando se dá toda a atenção aos filhos, os pais correm o risco de não conseguirem entender toda a vida secreta deles, entretanto, quando esse mandamento é ignorado, a lacuna para esse entendimento se torna abissal, medonha e aterrorizante, uma vez que, deliberadamente, os pais escolhem deixar que seus filhos façam suas escolhas, sem quaisquer orientações bíblicas.
Por meio de Moisés, o Senhor dá aos pais uma missão que não deve ser delegada a quem quer que seja. Deus ordena aos pais que andem ao lado de seus filhos, especialmente nesta faixa etária tão cheia de dúvidas e questionamentos. Como temos visto, alguns destes questionamentos - uma vez ignorados, levam a comportamentos extremos e – como temos testemunhado, fatais. Me desculpem quem acha que uma boa educação na escola do momento ou na universidade nota máxima do MEC é suficiente para dar estabilidade aos seus filhos. Isso não funciona assim, e não vai funcionar nunca! O que dá estabilidade, segurança e confiança aos filhos, para que abram os seus corações e contem suas crises aos seus pais, é a atitude destes pais quando andam ao lado deles como verdadeiros mentores, apontando-lhes os caminhos seguros e dando-lhes os princípios seguros encontrados nas Escrituras, para que saibam dizer “Sim!” ou “Não!”, com segurança e firmeza de princípios, quando tais respostas se fizerem necessárias. O versículo sustenta esse comportamento familiar, porquanto aponta para um convívio muito claro nas fases iniciais da formação do caráter dos filhos,quer no caminho de casa para a escola e vice-versa, na mesa do café da manhã, do jantar, e na beira da cama, para aquela boa noite depois de uma oração em gratidão a Deus pelo dia. Na hora certa eles sairão do núcleo primário, para prosseguirem em sua missão de formar seus próprios núcleos familiares, mas com uma boa carga de orientações que os auxiliarão na ocasião de passar adiante os mesmos princípios.
Como pais, qual o nosso propósito com isso? Deixemos que a Bíblia nos responda: “para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados.” Dt 6:2.
Faça uma autoanálise para saber como anda sua obediência ao mandamento destacado por Moisés. Caso chegue à conclusão de que você não está em dia com tais conselhos, mais do que a cor da baleia, tema ficar vermelho de raiva quando perceber que seu filho tem se comportado equivocadamente, por causa de sua ausência como pai e mãe cristãos. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

O BRASIL E A SUA INTERNET BANDA LERDA

Natsan Matias

Nos Estados unidos, em 2009, apenas 50% dos lares tinham acesso a internet com banda larga de alta velocidade. Em  2012, esse percentual subiu para 90%[1]. Claro que isso reflete o interesse do governo americano de aumentar a inclusão da sociedade no que diz respeito ao acesso as novas ferramentas de informação e comunicação. É uma estratégia de um pais que deseja que o cidadão, de todas as classes sociais tenham acesso a este instrumento de crescimento intelectual e interação, excetuando-se o mal uso destes recursos obviamente. No Brasil o cenário é tenebroso com relação a isso, uma vez que apenas 8% dos lares, das classes  D e E ,possuem acesso a internet fixa, sendo que este acesso, inclusive, é de péssima qualidade. Comemora-se o fato de que 88%[2] dos brasileiros tenham acesso a internet, no entanto essa estatística mascara a realidade, uma vez que esse acesso se dá através dos smartphones, por meio das redes de 3g na sua grande maioria, com velocidades e serviços de navegação de péssima qualidade. Não há uma perspectiva de investimentos que mude radicalmente este cenário, como o que fora feito nos EUA. Esta realidade coloca o Brasil como um dos piores lugares no mundo com acesso a serviços de internet de banda larga, apesar dos altos custos que se paga por serviços pífios e exploradores – especificamente em 46º lugar no ranking mundial[3].
Para a área de treinamento à distância, que é a minha atual função no Seminário Presbiteriano Brasil Central, não é uma boa notícia, uma vez que muito mais poderíamos fazer por meio deste instrumento, se tivéssemos uma política de expansão deste recurso, favorecendo esta e outras boas iniciativas em prol da educação de brasileiros longe dos grandes centros de treinamento.  Apesar disso, sigo adiante esperando que o cenário se torne favorável nesta direção.
No mais, bem vindo ao Brasil e, se você conseguir ler este post com uma certa rapidez, se dê por satisfeito, você tem uma internet que pelo menos o permite acessar um blog sem muitos recursos especiais.





[1] Fonte: Veja, edição 2292, 24/10/2012 – Banda da Revolução, pg 122
[2] http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2015/04/celular-e-tablet-sao-unico-meio-de-acesso-de-116-de-lares-diz-ibge.html
[3] http://veja.abril.com.br/blog/impavido-colosso/brasil-e-o-nono-pais-com-a-pior-velocidade-de-internet/

quarta-feira, 22 de abril de 2015

BRAVURA INDÔMITA - APRENDENDO COM OS FILMES (EXEGESE CULTURAL)

Por Nátsan Matias
Neste post você vai aprender como analisar um filme, seus pressupostos e mensagens. O objetivo é verificar como podemos entender as influencias da comunicação por meio do entretenimento. 
O filme de hoje é BRAVURA INDÔMITA (TRUE GRIT) Vamos lá? 
O filme conta história de uma menina em busca de justiça contra o assassino de seu pai, morto de modo covarde por um ladrão de cavalos. Trata-se do décimo quinto filme dirigido pelos irmãos Coen ( Joel e Ethan). Os irmãos Coen não apenas dirigiram, mas também adaptaram, para o cinema, o romance de Charles Portis, que já havia sido adaptado em 1969, apenas um ano depois do lançamento do livro, com o mesmo nome (True Grit – Coragem Verdadeira ou Verdadeiro Sofrimento), assim como na refilmagem de 2010.  No Brasil foi lançado com o título “Bravura Indômita”.
            Judeus, os irmãos Coen, primam pela grandiosidade das cenas e fotografias perfeitas, que valorizam um belo mundo criado por Deus. São responsáveis ainda pelo roteiro e direção do premiado “Onde os fracos não tem Vez (No country for old men)”, ganhador de quatro estatuetas do Oscar. Há outros filmes  dirigidos pelos irmãos Coen que destacam uma tendência para histórias de perseguições em busca de justiça, por longos trechos. Além dos títulos já destacados acima, verificamos essa mesma vertente também em “Fargo”, cujo roteiro conta história de uma policial que persegue, insistentemente um assassino, até que o encontra.
            O filme, base de nossa análise, se passa em 1878  no contexto do pós-guerra civil americana.  A escravidão havia sido abolida, mas ainda  não totalmente assimilada, como se pode ver numa cena do filme, quando um garoto negro afirma para protagonista que a ele não é permitido pronunciar o nome dela ao seu patrão.
Trata-se ainda de uma beleza narrativa cativante, desde as suas primeiras cenas. A personagem principal, a menina Mattie Ross,  consegue imprimir ao espectador a força de um objetivo resoluto.

1.     CRIAÇÃO, QUEDA E REDENÇÃO
            Quando colocamos o “gabarito” da Criação-Queda-Redenção sobre esse filme, como na maioria de outros filmes, poderemos perceber de que maneira  esse padrão de análise nos auxilia na percepção de pontos interessantes, que podem ser extraídos a fim de que tenhamos a capacidade de perceber a “teo-referência” impressa no objeto de pesquisa, nas suas duas vertentes, tanto positiva (criação e redenção) como negativa (queda).
            No meu curso de mestrado, especificamente no módulo chamado: “Hermenêutica Cultural e Ministério Pastoral”[1],  ficou claro que esse “gabarito” nem sempre está muito bem desenhado e separado, mas - não raramente, os aspectos do referido esquema estão mesclado em muitas ocasiões, apesar de que em outros momentos  os elementos da "grade" estão bem definidos.

1.1.  Aspectos Relacionados com Criação

As cenas iniciais do filme são precedidas pela citação bíblica: “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” (Pv. 28.1). Certamente que a referência bíblica em questão, dá o tom do enredo do filme que, como destacado nos primeiros parágrafos, tem sua temática na busca implacável e determinada de um criminoso fugitivo e, evidentemente, traz valor ao livro sagrado do cristianismo que é a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. De fato, como destaca o versículo, se verá em todo filme uma forte ênfase na necessidade de que seja aplicada a justiça. Essa é uma característica  da criação, pois desde a origem do homem, a voz do Deus Justo, ecoa dentro do coração humano, ainda que, não raramente, ele (o homem) prefira tentar calar essa necessidade de adequar-se àquilo que é correto.  O mal jamais poderá triunfar sem a devida punição, essa é uma máxima que nos remete à criação, ou seja: aquilo que é justo sempre vencerá no final, mesmo que seja somente no final escatológico, mas triunfará sempre.
Os aspectos da necessidade de valorizar o que é justo, também promove uma dimensão da solidariedade de vários personagens do filme, o que destaca o sentimento de coletividade e de sociedade, que se une em busca de um propósito. Ainda que não diretamente relacionada ao grupo, mas àquela que consegue transmitir aos demais, que a causa dela poderia se a causa de qualquer pessoa.
Outro ponto no qual se pode perceber um reflexo da criação, são as regras que intrinsecamente são evidenciadas. Tais regulamentos são trincheiras que evitam o caos em detrimento da ordem, esse último estabelecido por Deus, na criação. Mesmo o mal precisa de limites e de regras que são impostos soberanamente por Deus. A busca pela justiça, carece de preceitos implantados no coração e na mente humana, mesmo quando essa mente deseja ver o mal punido a qualquer custo. Isso se percebe no filme, quando: a) a pequena justiceira tem o firme propósito de trazer o assassino para ser julgado (a princípio, porque depois de perceber que havia uma disputa acerca de qual tribunal deveria julgá-lo, prefere ela mesma aplicar a justiça); b) para dar início à “caçada”, ela procura a ajuda da lei instituída e não de pessoas fora-da-lei; c) apesar de seu desejo de justiça, ela não considera justo que se atire numa pessoa pelas costas.
Podemos destacar, ainda, como retrato da Criação:  o forte elo familiar, que dá luz ao mandamento de honrar os pais – mesmo depois de mortos; a fé no cuidado de Deus, que a faz crer no alcance de seus objetivos e, ainda, o desejo de ver o bem do outro, mesmo que isso signifique sacrifício pessoal.
  Além disso o filme destaca, de maneira fotográfica, belas paisagens, rios, montanhas e vales que enchem os olhos com a beleza da criação, embaladas, ao fundo, por lindos instrumentais de hinos cristãos tradicionais.

1.2.  Aspectos Relacionados à Queda

A marca da queda é tangível na película em questão, que se opõem diretamente à ordem da criação, demonstrando o caos da derrota humana, frente a sua depravação total.
A contraproposta da  justiça pura é apresentada pelos retratos de covardia. Gente que mata outros por conta de poucos valores; que visa o lucro acima de tudo. Tome por exemplo no filme, o comerciante de cavalos que não se importa com a perda do outro e do “agente” da lei, que se interessa em capturar o criminoso, apenas se for pago para isso.
O senso de desagregação pode ser encontrado na história, e sua raiz se encontra no orgulho humano, comprometido apenas consigo mesmo.
Apesar da boa intensão da protagonista em fazer justiça, ficaremos com a sensação de que ela traz preocupação para sua mãe, quando desobedecendo não retorna para casa, junto com o corpo do pai.
A queda também alimenta o ódio que, por sua vez, deseja vingança a qualquer preço, tratando pessoas como se fossem mercadorias, com as quais se pode obter algum lucro. O filme ilustra esse ponto de vista por exemplo, quando o corpo de um homem enforcado é solicitado por um índio, para que ele possa conseguir algum dinheiro com o corpo, mas logo em seguida esse mesmo índio entrega o tal morto para um “dentista", em troca de algumas panelas e espelhos. O dentista, por sua vez, irá vender os dentes do morto e o resto pretende entregar para a lei em troca de alguma recompensa. É de fato uma ilustração de que o homem é profundamente  comprometido com a queda.
No fim do filme, agora já mulher adulta, Mattie Ross demonstra ser uma pessoa muito rancorosa e orgulhosa. Ela chama de “lixo” um homem que não fica em pé para recebê-la e essa linguagem, dá ao espectador uma impressão de que ela tem uma imagem distorcida de si mesma, em relação aos outros.

1.3.  Aspectos relacionados à Redenção

A frase que faz brilhar o conceito de Redenção no filme é a seguinte: “Não há nada de graça, a não ser o amor de Deus”.  Por este prisma é que podemos vislumbrar a imagem da Redenção, no enredo da história em questão.
Graça e perdão permeiam a narrativa.  Essa graça de Deus é que, em determinadas cenas, apresentam transformações pontuais, quase que imperceptíveis quando não se tem o prisma bíblico para assistir o filme. Essa graça é aquilo que faz com que um condenado, antes de ser enforcado, confesse seus erros e diz o porquê está à sombra do cadafalso. Ele avisa as testemunhas de seu enforcamento, que evitem os seus passos equivocados para não terem o mesmo trágico fim.
Noutra cena, depois de ser ferido mortalmente, um rapaz à beira da morte, também demonstra arrependimento, pedindo que avise o irmão, um pastor metodista, que eles se encontrarão na morada celeste. Graça redentora!
O amor também, de modo redentivo, pode ser percebido na misericórdia que a protagonista ainda consegue demonstrar por malfeitores, pedindo que os corpos deles sejam sepultados.  Além do que, sempre que há uma desavença envolvendo os dois homens que a acompanham, ela se coloca como apaziguadora, a fim de mantê-los unidos, sabendo que precisam uns dos outros.
A redenção leva a reconciliação e isso é o que, no fim das contas ocorre para os três principais personagens do filme.

2.     METANARRATIVA
A impressão dos irmãos Coen, na adaptação do roteiro para o cinema, retrata com precisão e arte a saga de uma pessoa, aparentemente, incapaz de conseguir o seu feito, por diversos fatores, representados pela figura de uma menina, adolescente e frágil.
Apesar de declararem que: “Tentamos em nossa versão ser totalmente fiéis ao ponto de vista de Mattie...”[2], sabemos que é impossível ser “totalmente” neutro na interpretação de qualquer obra. Assim, considerando que os irmãos Coen - judeus,  e o produtor, Steve Spilberg, também judeu, certamente foram atraídos para adaptação do livro de Charles Portis para o cinema, por conta da bravura e persistência de uma menina, que pode representar um grupo minoritário, em busca de justiça com muita resistência contra tudo e contra todos os obstáculos possíveis. Os diretores, possivelmente, olham para o livro com a perspectiva de um povo, que precisou de muita resistência para vencer seus carrascos na segunda guerra mundial, como foi o povo judeu.
Para o autor, não há esse olhar étnico, mas sim o desejo de inspirar os leitores para vencer suas limitações a fim alcançarem objetivos considerados impossíveis. Por certo que um leitor, passando por lutas e determinadas injustiças que possa enfrentar, terá a oportunidade de ver na pequena Mattie Ross, um inspiração para persistir e vencer.

3.     CONCLUSÃO
Como podemos usar esse filme para evangelização? Não há uma reposta dogmática para essa questão, mas podemos ver o filme sob o olhar da perseverança.
Sem querer forçar de modo a buscar doutrinas no filme, podemos comparar a nossa caminhada cristã contra o pecado e contra o inimigo de nossas almas, lançando mão da persistência e da dependência de Deus. Sabendo que, nessa jornada  ferrenha, poderemos perder algumas coisas (como determinadas perdas da protagonista em sua jornada), mas certamente seremos vencedores, se estivermos com a companhia correta, no caso a força do Senhor e de nossos irmãos de caminhada.



[1] Módulo do Dr. Emílio Garófalo Neto, componente da área de Missões Urbanas, do Mestrado em divindade do Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper.
[2] Disponível em http://www.objetiva.com.br/livro_ficha.php?id=926, acesso em 18/06/2013

quinta-feira, 16 de abril de 2015

BRINQUEDOS HUMANIZADOS, HUMANOS ROBOTIZADOS

Por Nátsan Matias


Aguardada muito mais por aqueles pais que não tem tempo para cuidar e conversar com os filhos do que pelas crianças, a boneca Hello Barbie será a nova sensação do natal de 2015, quando ela chegará ao mercado brasileiro por algo em torno de R$ 300,00 (uma bagatela para muitos pais ausentes, que trocam carinho por presentes)
Por que ela é mais aguardada por este tipo de pais do que pelas crianças? Ora porque antigas palavras como:  papai, mamãe, quero comer, quero dormir, etc., serão substituídas por um infinito de possibilidades, com "diálogos" mais elaborados. A Hello Barbie  prometem ocupar o tempo das crianças, considerando que ela será equipada com um “computador, terá dispositivo wi-fi, microfone, alto-falante e bateria” (Folha Press)

A fabricante do brinquedo promete uma “interação” mais completa com a criança. Isso ocorrerá porque a boneca, haja vista sua conexão com a internet, poderá responder perguntas mais elaborada para as questões que as crianças levantarem e aprenderem sobre suas donas, através do levantamento de informações das redes sociais cadastradas no brinquedo.  Imaginem os variados riscos que as crianças estarão sujeitas tendo um “brinquedo” desse disposição da curiosidade delas? A Mattel, fabricante da Hello Barbie, afirma que os softwares das bonecas terão dispositivos para impedir que sejam dadas respostas prejudiciais. Você acredita que a turminha chegada em tecnologia não conseguirá burlar esses “firewalls”?  Eu também não acredito! Mas vá lá que a segurança seja mesmo impossível de ser burlada, há riscos que estão além do fato da criança ter acesso aos mais variados tipos de respostas para suas perguntas ou diálogos que empreenderem com a tal Barbie.  Não vou fazer aqui uma lista destes riscos, deixo um desafio para que você pense em alguns e enumere-os nos comentários deste post. No entanto eu quero destacar, de acordo com a minha opinião,  aquele que considero o maior dos problemas, que está para além das questões da interação  da criança com a boneca. Trata-se da troca de responsabilidades dos pais para com os filhos. É dos pais o privilégio e a prerrogativa de responder todas as perguntas de seus filhos. É dos pais o benefício de interagir, de brincar e de se relacionar com suas crianças. Debaixo de minha análise do perfil do cidadão deste século, não tenho dúvidas de que essa boneca vai fazer um sucesso absurdo, sabe por que? Porque cada vez menos os pais querem assumir o seu papel, estão ocupados demais interagindo com seus empregos, suas carreiras e com seus próprios “brinquedos” tecnológicos. Quando elas forem colocadas nas mãos das crianças, será muito mais comum entrar numa casa e não ver crianças correndo e interagindo com os pais, elas estarão em algum canto por horas a fio, conversando "sozinhas", deixando papai e mamãe assistir a novela, ver o jornal, conversar com os adultos sem interrupção. Elas não terão dificuldades com isso a princípio, sabe por que? Porque está cada vez mais comum para esses pequeninos se relacionarem com brinquedos humanizados e com humanos “tecnologizados",  que se parecem mais robôs do que gente e muito menos com pais de fato e de verdade.